tesoura MOA E O JORNAL DO COMÉRCIO
Depoimento do chargista sobre
os 5 anos de restrições à atividade
Uma vez eu li uma crônica do Veríssimo onde ele criticava a tal da isenção no jornalismo e dava como exemplo alguns jornais americanos quese posicionam em relação às vertentes políticas, e, a partir daí, se dão o direito de publicar o que quiserem, "inclusive a verdade". A grande virtude disso é que estampam na primeira página quem eles são, não iludindo o seu público com toda a lenga-lenga de isenção.
De todos os jornalões da província, o JC é o único que diz o que é. Jornal de e para empresários da área comercial. Agora, passados alguns dias da nossa dispensa, eu fico pensando que alguém tinha que fazer isso. Nós ou eles. A relação estava uma merda. O Santiago já tinha até se recusado a fazer outro desenho para que fosse publicado no lugar do que havia sido censurado, o que, pra mim, foi a ação corajosa que desencadeou tudo e empurrou aquela situação para um desfecho necessário e urgente.
Olhando pra trás, chego à conclusão que, tanto nós quanto eles, fomos um tanto ingênuos achando que poderia dar certo. Só para dar um exemplo, por que será que o Diogo Mainardi não escreve para a Carta Capital? Há um entendimento (imagino) de ambas as partes de que não existe convivência possível. E isto é tão claro que tal hipótese sequer deve passar pela cabeça de todos os envolvidos.
Quero que fique claro que, fosse qualquer outro veículo da grande imprensa, a minha posição seria outra. Existem jornais que vendem a mercadoria da independência e da isenção e fazem coisas piores, como solicitar charges para vários artistas gráficos para que os seus editores possam escolher a que melhor se enquadra à conveniência do momento. O maltrato e o desrespeito se completa quando sabemos que só o autor da charge eleita recebe pelo seu trabalho.
Nem o e-mail monosilábico do Pedro Maciel (editor-chefe do JC) chegou a me incomodar. Lembro bem da minha raiva com outro editor, quando ele veio com aquela conversinha mole me elogiando muito pra dizer que eles não queriam mais dispor dos meus ótimos serviços. Era exemplar a elegância daquela falsidade. Pra mim foi melhor assim. Sem telefonemas constrangedores, carregados de desculpas, justificativas e silêncios insuportáveis...
Sabíamos o que estávamos fazendo e a empresa é o que é, com os seus compromissos estampados na primeira página do seu jornal. Durou até mais do que deveria e não quero ficar no lugar de mártir ou de vítima de uma traição. A gente vai ficando velho e coisas como essa nos deixam um pouco mais sabidos. Depois do JC, nem que me peçam farei charge política para os veículos da FIERGS, do Clube dos Diretores Logistas ou da FARSUL. E não adianta mandarem o Sperotto de joelhos! Comigo é assim! (Moa)
(Segundo depoimento de uma série de três. Amanhã, publicaremos o do Kayser)
Nenhum comentário:
Postar um comentário