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sábado, 28 de julho de 2007
leituras HUMORES DO VINHO
In vino et in humor, veritas.
Humor e vinho, vinho e humor. Humm. Elegante aproximação. De um lado, analogias; do outro, enologia. Numa ocasião como essa, cai bem servir algumas doses de semelhanças.
Assim como a uva é a base para os diversos tipos de vinho, o humor se presta para produzir diferentes modos de riso. Das principais uvas – cabernet, merlot, chardonnay, riesling etc, – se consegue engarrafar sutilezas; com as formas básicas de humor – ironia, sátira, paródia, farsa – é possível desarrolhar o espírito humano. Essas bagas e essas graças seriam, mal comparadas, as matérias das quais se fazem os inebriamentos.
Enquanto os vinicultores exploram a videira e seus frutos, os humoristas espremem a realidade e seus fatos. Ambos dominam a arte da fermentação, até que jorros de bebida e de imaginação resultem em algo apreciável. Dos primeiros recebemos as mais variadas dádivas – os tintos, brancos e rosés, e os secos, suaves e doces. Os segundos fornecem engraçadas dúvidas – as charges, cartuns, caricaturas, ilustrações e histórias em quadrinhos. Um somelier mais espirituoso insinuaria: charge é o humor mais encorpado, adstringente. Cartum pode ser mais suave e até meio adocicado. Tiras podem combinar tudo isso. Caricaturas e ilustrações variam de teor risível. E conforme a uva, digo, a intenção, o humor gráfico pode ser mais azedo. Muitas vezes, avinagra – daí o deboche, o sarcasmo, o cinismo. Têm sua hora.
Vinhos têm safra, humoristas também. O RS é uma região de elevada produção dos dois, quantitativa e qualitativa. A safra de humor dos anos 70 até hoje é lembrada, pois se conserva muito bem. No Brasil, além daqui, as maiores produções de humor se concentram nas encostas cariocas, paulistas e mineiras.
Vinhos podem ser embalados desde finas garrafas até garrafões. Do mesmo jeito, desenhamos desde em papel importado até em guardanapo de bar (sem a menor referência à qualidade intrínseca do que se bebe ou se contempla).
Vinho degusta-se em apropriados cálices e taças, do mesmo modo com que o humor é servido em páginas (de jornais, revistas e livros). A adega do humor são as estantes. E esta exposição é a nossa carta. Escolha o desenho que mais lhe agrada e sorva-o por inteiro. Aliás, a única diferença com vinhos é: rir dispensa moderação.
Os benefícios para a saúde de quem consome bom vinho e bom humor regularmente convergem: melhor disposição para viver. Há quem aprecie humor às gargalhadas ou com um sorriso na mente, igualzinho como quem exagera na dose ou como quem demonstra finesse à mesa. Como genialmente definiu o grande cartunista argentino Crist: “Vinho é imaginação que se bebe.” E assim como existem maneiras de combinar os vinhos com as refeições, também é preciso adequar o humor às situações. Se não é recomendável misturar determinados vinhos e certos pratos, sorrir num velório ou em meio a um desastre também é mal visto. Civilidade não tem hora.
Enfim, o melhor humor e os melhores vinho têm, em comum, brilho, equilíbrio, limpidez, transparência, cores e sabores memoráveis. E só uma comparação é negativa entre vinho e humor: a rolha lembra censura. Um brinde ao saca-rolha. (Fraga, publicado no site www.coletiva.net)
Cartuns de Wagner Passos, Iotti, Cado e Tati para a exposição Humores do Vinho
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sexta-feira, 27 de julho de 2007
imprensa CENSURA EM PLENO 2007
Na Espanha e no Brasil,
um inesperado retrocesso
Como o Tinta China já registrou, na edição de quarta, a revista de humor El Jueves foi aprendida nas bancas. Ridícula reação da realeza, dando mais poder ao humor do que o humor realmente tem e fazendo disso o pretexto mais óbvio para a repressão. Como não podia deixar de ser, lá a repercussão na mídia continua. Além da charge acima de Antón, do periódico El Norte de Castilla, veja outras aqui.
E no Brasil, surpreendentemente, a imbecilidade chega na mesma semana. Aqui, o chargista Carlos Latuff foi intimado pela polícia a se justificar pela charge abaixo, sua opinião sobre a segurança carioca durante o Pan. Quer dizer, mais uma vez a janela leva a culpa pela paisagem. A repercussão, por enquanto, tem sido mais na internet (leia aqui e aqui).
Para qualquer brutalidade com a livre expressão, todo repúdio é pouco. O Tinta China acrescenta o seu.
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quinta-feira, 26 de julho de 2007
design ROBERTO SILVA
Título: Logotipos para bares
Local: Porto Alegre(Artista gráfico joga nas onze. Se o mercado bobeia, o desenhista sai do ataque com a charge, recua pra defesa com ilustrações pra cartilhas, volta e avança na comunicação com logotipos e programação visual. Vale tudo por entre as pernas do briefing: gol de placa, de outdoor, de banner. É o campo do design, a nova seção do Tinta China. E o artilheiro da vez é o Roberto Silva, que, se os cartolas da área continuarem insensíveis, pode chegar ao enésimo job recusado. Fiquem na arquibancada que o nosso time tá só aquecendo.)
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quarta-feira, 25 de julho de 2007
ilustração EDGAR VASQUES
Título: Carnívora
Técnica: Bico-de-pena e NanquimVeículo: Exposição Florais de Vasques, no Café do Porto
Local: Porto AlegrePostado por Grafar às 14:48 1 comentários
tributo MEU AMIGO FONTANARROSA
Santiago rende sua homenagem a
El Negro, no Jornal do Comércio
“Os cartunistas do sul do Brasil não podem, em hipótese alguma, engrossar o coro das piadas anti-argentino alimentadas pelos locutores futebolísticos. A reconhecida qualidade dos desenhistas daqui, comprovada por prêmios em concursos, se deve em boa parte à influência dos grandes cartunistas argentinos que a proximidade geográfica facilitou. Oski, Landru, Quino, Crist, Carlos Nine, mais os uruguaios-portenhos Sábat e Tabaré, foram modelos para uma geração.
Perdemos agora um desses mestres, Roberto Fontanarrosa, conhecido como El Negro na sua querida Rosario, na qual nasceu e morreu, aos 62 anos. Duas de suas criações, "el gaucho" (pronuncie à moda castelhana) Don Inodoro Pereyra e o truculento mercenário Boogie, El Aceitoso, já estão definitivamente na história do humor gráfico universal.
Inodoro é um verdadeiro achado de humor, a começar pelo nome que imita a sonoridade dos nomes próprios campeiros, mas em argentinês significa vaso sanitário. Espécie de Martin Fierro às avessas, esse anti-herói, na frente do seu rancho, se encontra com os mais inesperados personagens, com os quais mantém diálogos de genial comicidade. Mandado a caçar um tigre Don Inodoro retornou com um gatinho e justificou "és que cuando me vió se achicó todo". Boogie, o cínico, às vezes até ingênuo matador, é um achado em termos de caracterização de tipo. Numa crítica feroz à violência incorporada na ficção e na vida estado-unidense o autor joga de maneira magistral com os lugares comuns do genêro policial. E afinal, o que seria do humor sem os clichês?
Nos últimos anos seu excelente texto encorajou-lhe a trilhar a carreira de escritor. Sempre usando como matéria-prima os carimbos do cinema e da literatura, ou os folclores do futebol da sua paixão, produziu onze livros de contos e três novelas. Num recente Congresso de Literatura em Rosario sua conferência Las Malas Palabras (em bom português, o velho e bom palavrão) arrancou risos e aplausos de uma multidão de escritores, literatos e lingüistas.
Pelo nosso isolamento lingüístico, sua obra é pouco conhecida no Brasil, mas extremamente popular nas Américas hispânicas. Mesmo assim, deu a honra de sua visita à Porto Alegre numa Feira do Livro da década de 90, e foi mal aproveitado pelos entrevistadores locais.
Há quatro anos teve o diagnóstico de uma tenebrosa Esclerose Lateral Amiotrófica que lhe foi atrofiando gradativamente a musculatura até que na última sexta-feira atingiu o coração. Vivia já em cadeira de rodas e desde o fim do ano passado não desenhava. Continuava a criar cartuns e histórias em quadrinhos que eram desenhados pelo cartunista cordobês Crist. A respeito de sua condição, com bom humor citava Inodoro Pereyra: "estoy mal pero acostumbrado".
Pelo que aprendemos, pela sua obra, pela valorização que deu ao nosso ofício, duplamente não levado a sério, pela boa amizade que cultivamos até o seu último momento, obrigado Negro Fontanarrosa.” (Santiago, em depoimento publicado ontem no Jornal do Comércio)
Postado por Grafar às 14:37 0 comentários
imprensa El JUEVES CENSURADA
Revista mostra Príncipes transando
na capa e é recolhida das bancas
Essa nota devia estar na 'seção inveja'. Além da piada que é boa, causa inveja o fato de existir na Espanha uma revista semanal de humor. E que ainda levam tão a sério a ponto de censurar. Os autores já deram declaração ao Juiz Jual del Olmo e esperam decisão da justiça. Isso talvez não seja tão invejável mas também não dá pra querer fama e sucesso sem dar algo em troca. Até o site da revista foi temporariamente bloqueado mas o problema deles agora é que o servidor não aguentou o aumento súbito de visitas. Isso não quer dizer que não aproveitem a situação para vender um livro só de piadas sobre a família real deles. Para mais informações, acesse aqui.
Abaixo, comentário do Mauro Entrialgo, colaborador da revista.
Postado por Grafar às 14:36 0 comentários
terça-feira, 24 de julho de 2007
segunda-feira, 23 de julho de 2007
as cobras LUIS FERNANDO VERISSIMO
(Ebas! As Cobras toparam fazer ninho permanente no Tinta China! Vêm pra cá sem mala e cuia, que nunca tiveram, mas vêm com tudo: com o sempre candidato Alves Cruz, o Queromeu, o corrupião corrupto, o pobre Zé do Cinto, o alarmista Dudu, o Sombrio, o guru Bubi, Romão Noir, Igor, o rato de laboratório, Sulamita, a pulga lasciva, Felipe, o sapo principesco, as lesmas Shirlei e Flecha, o chef Rienamangê, até os filhotes. E destilam o seu melhor veneno: debocham tanto do Universo e do Brasil como de Deus e de si mesmas. Um sucesso nacional de mais de 30 anos por jornais, suplementos e livros. Agora, darão bote semanal aqui, toda segunda. E pra marcar este divertido evento viperino, uma estréia tripla!)
Postado por Grafar às 14:00 2 comentários
cartum RAFAEL
Título: Reforma Agrária
Técnica: Caneta e computadorVeículo: Para exposição da Grafar
Local: Porto AlegrePostado por Grafar às 13:59 1 comentários
domingo, 22 de julho de 2007
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