bate-pronto NIK
Aos 31 anos, um ilustrador
preparado pro que der e vier
Alguém disse, na década passada, que no futuro não haveria mais empregos, só trabalho. E para os ilustradores, esse futuro é já. O Nik é o típico exemplo, com criaçao e produção exemplar: tem estúdio em casa e daqui atende os frilas locais e nacionais. Para dar conta das cada vez mais exigentes solicitações do mercado gráfico, como agências e publicações, Nik se preparou à altura: cursou publicidade e propaganda na PUC e artes visuais na UFRGS. Pra arrematar, em 2003 fez pós-graduação em ilustração criativa na meca das artes gráficas, Barcelona. Aplicado e dedicado ao que sabe e gosta de fazer, Nik pode ser visto este mês em três matérias na edição #5 da nova revista Getúlio (da FGV), com ilustrações de página inteira. Recém de volta à Grafar, esse paulista de 76 e gaúcho desde 81, fala agora da sua experiência pro Tinta China. Bem-vindo, Nik.
Tinta China - Como artista gráfico, qual a sua atividade principal?
Nik - Desde 2002 a ilustração tem ocupado a maior parte dos meus dias, é também meu ganha pão.
Tinta China - Como você negocia os valores de seus frilas?
Nik - Hoje em dia costumo propor valores mas sei que muitas das revistas com quem trabalho já tem um valor fixo para determinado tamanho de ilustração. Procuro encontrar um meio termo, sempre que dá.
Tinta China - Como é um dia típico de trabalho para você?
Nik - Trabalho em casa, em geral de manhã das 9h as 12h e de tarde das 14h as 19h ou mais, dependendo do volume de trabalho. Nos domingos costumo trabalhar também durante a noite pra evitar a deprê.
Tinta China - Por onde você começa uma tarefa?
Nik - Primeiro me inteiro sobre o tema do trabalho, pesquiso em livros ou internet. Depois faço alguns rascunhos e parto pra parte de finalização.
Tinta China - Quais ferramentas você utiliza e qual domina mais?
Nik - Posso dizer que tenho um domínio técnico razoável com aquarela e tinta acrílica. Mas manjo mesmo de nanquim e photoshop. Procuro misturar técnicas pra enriquecer o trabalho já que o computador é uma ferramenta bem versátil mas que depende de um uso criativo para fugir do lugar comum.
Tinta China - Que condições você exige ou depende para criar?
Nik - Só preciso de um computador, escaner, papeis e tinta. Trabalho as vezes na rua pra mudar o ambiente inclusive. Como desenhista, eu poderia ser cigano, sem o menor problema.
Tinta China - Como você lida com os prazos?
Nik - Procuro entregar na data, nem antes nem depois, mas as vezes o volume de trabalho (e a urgência das criaturas) impede que isso aconteça.
Tinta China - Como você mantém os originais que produz?
Nik - Os que gosto eu guardo, mas atualmente tenho jogado muita coisa fora, não gosto de guardar coisas por muito tempo.
Tinta China - Quais suas primeiras e atuais influências?
Nik - Minhas primeiras e atuais influências sempre foram quadrinistas, apesar da ilustração ser um campo totalmente diferente. Gosto e gostava de Moebius, Bernet, Winsor McCay. Atualmente sou um grande admirador de Charles Burns, Daniel Clowes e Chris Ware.
Tinta China - Onde você busca informações para apoiar suas criações?
Nik - Depende do trabalho, as vezes a referencia de traço vem de um artista plástico, um pintor, ou até mesmo um desenhista de quadrinhos. Mas a busca vem, quase que exclusivamente via Google mesmo.
Tinta China - Você tem preferência por algum tipo de papel?
Nik - Gosto de papéis mais lisos, como uso quase que unicamente bico de pena sobre papel, qualquer textura torna-se prejudicial.
Tinta China - Quais macetes técnicos funcionam no seu trabalho?
Nik - Uso muitas texturas e paletas de cor que eu mesmo criei, tenho tudo organizado e isso agiliza o trabalho.
Tinta China - Qual o seu maior conflito com o mercado?
Nik - O fato do designer brasileiro querer copiar tudo do exterior. Desde a cara da campanha ou revista até o traço do ilustrador. Isso além de provinciano diminui o trabalho de quem colabora e a cultura brasileira como um todo.
Tinta China - Que dicas básicas você daria para um iniciante?
Nik - Ser persistente e humilde. Um portfolio de um iniciante é cheio de falhas e trabalhos fracos e ele tem que saber disso lá no fundo. Ter um portfolio é só o começo de uma pesquisa pessoal que precisa ser provada - pra si mesmo - no campo de batalha que é a publicação. Não considero meu trabalho bom o bastante, mesmo quando me dizem.
Foto: Marina Camargo
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