sábado, 14 de julho de 2007

mestres dos mestres HAL FOSTER

Já não se fazem clássicos nem
discípulos como antigamente



O canadense Harold Hal Foster foi um dos maiores desenhistas da história (em quadrinhos ou não). Claro que estamos falando da capacidade de representar a realidade via desenho, não das inúmeras possibilidades que a pesquisa do grafismo possibilita.



E a decisão de aplicar seu talento aos quadrinhos dependeu menos da sua vontade do que à depressão da economia americana nos anos trinta do século passado. Hal, que mesmo vivendo como ilustrador publicitário, se considerava um artista acima das injunções da indústria (embora já tivesse incursionado com brilho nas HQ, sendo o desenhista fundamental de Tarzan) viu-se na encruzilhada entre aceitar trabalho como quadrinista... e não ter o que comer!



Há males que vêm para bem, e Foster, caracteristicamente, foi com tudo: já que era inevitável, criou uma das séries mais carismáticas da HQ universal, a saga do Príncipe Valente. Nela Foster expõe toda a sua verve madura (já tinha mais de quarenta anos), seu conhecimento completo dos fundamentos do desenho (anatomia, luz & sombra, perspectiva, etc.), seu domínio da pena e do pincel e do uso de retículas de meio tom, além da composição cinematográfica, no que foi pioneiro.



Mas, além do talento e do conhecimento técnico evidentes, Hal Foster só alcançou tal patamar de excelência por causa da dedicação total ao metier: documentava-se exaustivamente a respeito de seus temas (para criar a saga de Valente, transformou-se em especialista do período medieval), e consta que nunca desenhou nenhuma paisagem que não conhecesse pessoalmente (viajava muito e preenchia inúmeros sketchbooks in loco). Esse exercício de observação se aplicava também à paisagem humana, possibilitando uma enorme e acurada galeria de personagens, de todos os tipos e etnias.



Embora tenha sido um mestre da ilustração, Foster tinha total consciência de algo que nós outros, fissurados em desenho, tendemos a esquecer: a importância do argumento e do roteiro como espinha dorsal da narrativa, inclusive nos quadrinhos. E só alcançou o apogeu de sua obra quando pode controlar o texto e o desenho, que ele preferia não misturar visualmente. Nas suas HQs não usava baloons.



Morreu uma semana antes de completar 90 anos, deixando um enorme testamento, manuscrito em bico de pena, numa linha densa e fluente. (Edgar Vasques, especialmente para o Tinta China)

Um comentário:

Anônimo disse...

e dizer o que? sempre foi dentre todos o meu favorito. alguém como ele imagino que a exemplo de outros tantos artistas, surge para iluminar e depois, quando se vai, não apaga a sua luz, a deixa para que tenhamos sempre na mente o respeito à criatura humana e do que ela pode nos dar quando traz a arte no seu interior e a mostra para a eternidade.