sábado, 8 de dezembro de 2007

charge BATSOW, GUAZZELLI, UBERTI










anabel LANCAST




Anabel é publicada aos sábados.

tibica CANINI




Tibica é publicado aos sábados.

artur, o arteiro RAFAEL




Artur, o Arteiro é publicado aos sábados.

quadrinhos MOA




Título: Mensagem
Técnica: Caneta e photoshop
Veículo: Zero Hora
Local: Porto Alegre

ilustração GILMAR FRAGA




Título: Calcinha da irmã
Técnica: Lápis de cor
Veículo: Zero Hora
Local: Porto Alegre

grafismo RAFAEL SICA




Título: Congresso
Técnica: Caneta e computador
Veículo: Blog do autor
Local: Porto Alegre

sketchbook FEDERICO




Título: Aqualoucos
Técnica: Bic e aquarela
Veículo: Acervo do autor
Local: Porto Alegre

bate-pronto FABIO ZIMBRES

O autor FZ disputa frilas, jobs e
o que mais vier com o editor FZ




O mundo perdeu um arquiteto (pra poupar as pessoas de entrar em alguma criação sua, segundo ele) mas ganhou um cara que arquiteta pra caramba: Fabio Zimbres vive em meio a projetos de artes gráficas e plásticas que estão sempre andando, porque atrás vêm outros. Vulgo FZ, esse paulistano faz tudo a quatro mãos com ele mesmo: desenha sem parar, pinta sem deixar de atender o mercado, edita sem cessar. E com as mãos que sobram livres, aí se ocupa como quadrinista, ilustrador e designer - sua folha de serviços editoriais é um rol de publicações. FZ fez parte da equipe que concebeu e editou a revista Animal, além das suas iniciativas com a revista Brigitte e a editora Tonto. Quando não está publicando em jornais e revistas brasileiras e do exterior, está lançando livros, como Música para Antropomorfos, Feliz e O Apocalipse segundo Dr. Zeug. Se um dínamo pode ser low-profile, ele é. Na verdade, é um Ivo: inventivo (nas criações) produtivo e prestativo (nas parcerias e empreitadas coletivas) e seletivo (no convívio). Hoje Fabio Zimbres abre pro Tinta China o seu gozativo manual de instruções para múltiplas atividades. Divirtam-se.

Tinta China – Como artista gráfico, qual a sua atividade principal?
Fabio Zimbres – Faxina: em minha mesa, computador e estúdio mas também nas idéias mal arranjadas que se tem que consertar.

Tinta China – Como você negocia os valores de seus frilas?
Fabio Zimbres – Sou inflexível mas sensível.

Tinta China – Como é um dia típico de trabalho para você?
Fabio Zimbres – Horas na frente do computador, alguns minutos para algo mais divertido.

Tinta China – Por onde você começa uma tarefa?
Fabio Zimbres – Pela faxina: dou uma limpada na mesa e abro espaço para uma folha de papel. Depois, uma caminhada no parque pra ver se vem alguma idéia.

Tinta China – Quais ferramentas você utiliza e qual domina mais?
Fabio Zimbres – Acho que não nasci pra dominar nada então utilizo qualquer uma que esteja disponível, dá na mesma..

Tinta China – Que condições você exige ou depende para criar?
Fabio Zimbres – Não exijo nada, nunca. Um beijinho de vez em quando, talvez.

Tinta China – Como você lida com os prazos?
Fabio Zimbres – Os prazos é que lidam comigo (acho que foi o Roberto Silva quem disse isso) e lidam mal.

Tinta China – Como você mantém os originais que produz?
Fabio Zimbres – Em envelopes individuais de papel anti ácido numa sala com umidade controlada e os arquivos digitais num HD que deposito num banco na Suíça.

Tinta China – Quais suas primeiras e atuais influências?
Fabio Zimbres – Maurício de Souza mas depois Hello Kitty já que conceitualmente é menos dogmático. E claro que tem uma lista que se eu não coloco o pessoal reclama: Geroge Herrimann, Jaca, Pazienza, Luís Gê, Gary Panter, Mariscal, Steinberg, Kurtzman etc.

Tinta China – Onde você busca informações para apoiar suas criações?
Fabio Zimbres – Em qualquer lugar: se não encontro em casa mesmo ou na internet sempre tem a rua, os sebos e as casas dos amigos. Em museus, as vezes.

Tinta China – Você tem preferência por algum tipo de papel?
Fabio Zimbres – Kraft bem grosso com uma camada de PVA fica muito bom. Se não tiver pode ser um Fabriano que é quase tão bom quanto.

Tinta China – Quais macetes técnicos funcionam no seu trabalho?
Fabio Zimbres – Para se livrar do medo de desenhar numa folha em branco vale até jogar ela no chão e dar uma pisadinha.

Tinta China – Qual o seu maior conflito com o mercado?
Fabio Zimbres – O mercado falou alguma coisa de mim? É mentira.

Tinta China – Que dicas básicas você daria para um iniciante?
Fabio Zimbres – Desenhar sem parar pode gerar algum problema físico mas ainda é a melhor maneira de fazer esse negócio. Se você gostar disso, tanto melhor. E desenhar sem medo.

Foto: Mauren Veras

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

família brasil LUIS FERNANDO VERISSIMO










Família Brasil é publicada às sextas-feiras.

charge BIER




Título: Substância
Técnica: Caneta e aquarela
Veículo: Tinta China
Local: Porto Alegre

cartum RODRIGO ROSA




Título: Milagre
Técnica: Caneta e lápis de cor
Veículo: Expo Humores do Vinho
Local: Porto Alegre

televilão CANINI




Televilão é publicado às sextas-feiras.

as panelas UBERTI




As Panelas são publicadas às sextas-feiras.

ilustração NIK




Título: Sacanagens ilustradas
Técnica: Caneta
Veículo: Livro Sexo em Números
Local: Porto Alegre

design PEDRO ALICE




Título: Bonecos Gigantes da Cidade
Técnica: Caneta e computador
Veículo: Cartaz recusado
Local: Porto Alegre

sketchbook JOAQUIM FONSECA




Título: Julinho
Técnica: Caneta
Veículo: Acervo do autor
Local: Porto Alegre

tesoura KAYSER E O JORNAL DO COMÉRCIO

Depoimento do chargista sobre
os 5 anos de restrições à atividade


Os nossos quase cinco anos de JC foram vividos com um sentimento dicotômico. Por um lado, fizemos coisas fantásticas, das quais nos orgulhamos. Grandes charges, belos desenhos, piadas cáusticas e hilárias. Obras que nos renderam prêmios em diversos salões de humor. Nas nossas charges, conseguimos fugir ao senso comum, falando sobre assuntos inusitados ou abordando a "pauta do dia" de modo singular. Por outro lado, não tínhamos toda a liberdade que gostaríamos, nem ao menos a que mereceríamos. Era frustrante ver outros chargistas locais falando de temas que nos eram explicitamente proibidos. Durante um bom tempo, eu até peguei a manha da coisa. Eu sabia que não podia falar do Rigotto, mas podia criticar seu governo, desde que seu nome não fosse citado. Publicar charges contra o governo (por assim dizer) Rigotto sem que o patrão se desse conta era até uma diversão a mais, como a que tem um estudante ao colar em uma prova, mesmo sem precisar.



Já outros temas foram mais dolorosos: estatuto do desarmamento e seus homens de bem que iriam nos salvar da bandidagem e a guerra no Líbano, por exemplo, não puderam ser comentados. Sem falar da auto-censura que nos impúnhamos. Para não nos incomodarmos, às vezes fazíamos charges "domesticadas", com o texto mais insosso, fraquinho, ou nem mandávamos a grande charge do momento para não passarmos pelo constrangimento inevitável de vê-la censurada. Pois nos últimos tempos, esse sentimento de frustração foi se tornando maior do que aquele de orgulho por nosso trabalho. Ao mesmo tempo, crescia a intolerância do jornal com o que fazíamos. Charges que antes eram permitidas, agora eram censuradas. Eles já não aturavam mais nossa mania de fazer nosso trabalho bem feito e nós já não aturávamos mais ter nossos desenhos censurados. Como nós não podíamos demitir o jornal, o desfecho não poderia ter sido outro. (Kayser)



(Último depoimento de uma série de três. O do Moa saiu ontem e o do Santiago, anteontem.)

série do mês CEGOS



Hals (Leandro Bierhals), 1966, chargista, cartunista, ilustrador e designer gráfico de Porto Alegre. Colaborador de jornais, revistas, veículos sindicais e co-autor e editor da coletânea Edição de Risco.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

charge EDGAR VASQUES




Título: Extinção
Técnica: Bico de pena
Veículo: Expo Mídia
Local: Porto Alegre

charge RONALDO




Título: Avanço
Técnica: Caneta
Veículo: Expo Mídia
Local: Porto Alegre

caricatura GILMAR FRAGA




Título: Miles e Coltrane
Técnica: Hidrográfica e photoshop
Veículo: Zero Hora
Local: Porto Alegre

os véios ALISSON




Os Véios são publicado às quintas-feiras.

blau BIER




Blau é publicado às quintas-feiras.

radicci IOTTI






Radicci é publicado às quintas-feiras.

ilustração LOUZADA




Título: O tatu
Técnica: Caneta e computador
Veículo: Livro infantil
Local: Santa Maria, RS

sketchbook CARLA PILLA




Título: Modelo negra
Técnica: Carvão
Veículo: Site da autora
Local: Porto Alegre

tesoura MOA E O JORNAL DO COMÉRCIO

Depoimento do chargista sobre
os 5 anos de restrições à atividade




Uma vez eu li uma crônica do Veríssimo onde ele criticava a tal da isenção no jornalismo e dava como exemplo alguns jornais americanos quese posicionam em relação às vertentes políticas, e, a partir daí, se dão o direito de publicar o que quiserem, "inclusive a verdade". A grande virtude disso é que estampam na primeira página quem eles são, não iludindo o seu público com toda a lenga-lenga de isenção.

De todos os jornalões da província, o JC é o único que diz o que é. Jornal de e para empresários da área comercial. Agora, passados alguns dias da nossa dispensa, eu fico pensando que alguém tinha que fazer isso. Nós ou eles. A relação estava uma merda. O Santiago já tinha até se recusado a fazer outro desenho para que fosse publicado no lugar do que havia sido censurado, o que, pra mim, foi a ação corajosa que desencadeou tudo e empurrou aquela situação para um desfecho necessário e urgente.

Olhando pra trás, chego à conclusão que, tanto nós quanto eles, fomos um tanto ingênuos achando que poderia dar certo. Só para dar um exemplo, por que será que o Diogo Mainardi não escreve para a Carta Capital? Há um entendimento (imagino) de ambas as partes de que não existe convivência possível. E isto é tão claro que tal hipótese sequer deve passar pela cabeça de todos os envolvidos.



Quero que fique claro que, fosse qualquer outro veículo da grande imprensa, a minha posição seria outra. Existem jornais que vendem a mercadoria da independência e da isenção e fazem coisas piores, como solicitar charges para vários artistas gráficos para que os seus editores possam escolher a que melhor se enquadra à conveniência do momento. O maltrato e o desrespeito se completa quando sabemos que só o autor da charge eleita recebe pelo seu trabalho.

Nem o e-mail monosilábico do Pedro Maciel (editor-chefe do JC) chegou a me incomodar. Lembro bem da minha raiva com outro editor, quando ele veio com aquela conversinha mole me elogiando muito pra dizer que eles não queriam mais dispor dos meus ótimos serviços. Era exemplar a elegância daquela falsidade. Pra mim foi melhor assim. Sem telefonemas constrangedores, carregados de desculpas, justificativas e silêncios insuportáveis...

Sabíamos o que estávamos fazendo e a empresa é o que é, com os seus compromissos estampados na primeira página do seu jornal. Durou até mais do que deveria e não quero ficar no lugar de mártir ou de vítima de uma traição. A gente vai ficando velho e coisas como essa nos deixam um pouco mais sabidos. Depois do JC, nem que me peçam farei charge política para os veículos da FIERGS, do Clube dos Diretores Logistas ou da FARSUL. E não adianta mandarem o Sperotto de joelhos! Comigo é assim! (Moa)



(Segundo depoimento de uma série de três. Amanhã, publicaremos o do Kayser)

palavras LAWRENCE J. PETER




Arte: Uberti

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

charge BIER



Título: Peru
Técnica: Caneta e aquarela
Veículo: Tinta China
Local: Porto Alegre

cartum VILANOVA




Título: Fábrica
Técnica: Aquarela
Veículo: Expo Ecologia
Local: Porto Alegre

dr. fraud CANINI




Dr. Fraud é publicado às quartas-feiras.

quadrinho ordinário RAFAEL SICA






Qaudrinho Ordinário é publicado às quartas-feiras.

grafismo RAFAEL



Título: Boliche
Técnica: Caneta e computador
Veículo: Blog do autor
Local: Porto Alegre

sketchbook KAYSER


Título: Gato no quintal
Técnica: Caneta
Veículo: Acervo do autor
Local: Porto Alegre

tesoura SANTIAGO E O JORNAL DO COMÉRCIO

Depoimento do chargista sobre
os 5 anos de restrições à atividade



Quando encaminhei esse projeto para o JC imaginei que a gente poderia levar o jornal, pelo menos no setor chargístico, a ser uma coisa como foi a Gazeta Mercantil no seu todo, um jornal dos negócios e das empresas, mas que sempre deu, com correção exemplar, até notícias e matérias que iam contra o empresariado. Imaginava charges dignas e originais, nada mais. Nunca imaginei fazermos a revolução lá dentro.

E nunca nenhum de nós tentou nada que sequer cheirasse à charge panfletária ou engajada. Buscamos temas novos que não fossem aquelas bobagens, como desenhar o congresso em forma de pizza ou ficar chovendo no molhado como aquelas charges de Renan versus boazuda pelada da PlayBoy, por exemplo. Eu todos os dias olhava o Charge on Line com os seus chavões cansados, para saber o que não deveria fazer. Se a gente ficasse, espertamente, só nesses chavões, como as charges do Diário Gaúcho, a gente se eternizava lá.

É preciso dizer que nós fomos muito pacientes com eles. Passamos todo o governo Rigotto com uma censura prévia de sequer falar do governador. Depois se repetiu com a Yeda, quando já ficou implícito que não se devia falar de governadora. Falar de juizes já não podia há 3 anos: o editor dizia que estávamos fazendo "campanha".



Acontece que topamos com duas enormes rochas: um dono de jornal que recém chegou do setor de vendas de patentes e torneiras e um editor amedrontado e incapaz de explicar minimamente ao chefão que o bom de um jornal é ter um pouco de contraditório, até para vender melhor. Nos últimos dias o editor já havia ficado em pânico com a carta de um leitor claramente desequilibrado que argumentava que "dogmas conservadores não podiam ser discutidos".

Eu já havia passado por situação exatamente igual, quando fiz uma tentativa com o Estado de São Paulo na década de 90. Para uma publicação tão monolítica e conservadora, era incompatível a mínima irreverência que se tentou fazer. Teria que repetir agora para o editor do JC a mesma coisa que eu disse para o do Estadão quando saí: humor tem que ter veneno, se não pode veneno então tem que ter pimenta, se não pode pimenta então tem que ter sal, se não pode nem sal então vira comida para doente.

Mas acho também que é preciso reforçar publicamente o discurso de que jornais são uma concessão moral (não concessão legal/governamental, como as TVs) que a sociedade dá aos empresários, com o acordo de que eles podem ganhar o seu dinheirinho, mas tem que dar em troca notícia e verdade. É um negócio, mas um negócio diferente do de vender torneiras e vasos sanitários, tem que vender a verdade, e a verdade é uma busca que se faz com o questionamento, onde se enquadra a charge, que, com a sua irreverência, nada mais faz do que questionar. (Santiago)



(Primeiro depoimento de uma série de três. Amanhã, publicaremos o do Moa. Na sexta, o do Kayser)