alões de humor SANTIAGO VISITA PIRACICABA

Santiago substitui Wolinsky e nos leva aos bastidores
do Salão Internacional de Humor de Piracicaba.

Estive em Piracicaba participando do júri da edição 36 do seu tradicional salão de humor.
Tive a subida honra de substituir, nada mais, nada menos do que o Wolinsky, da França que terminou não vindo, parece que por causa de uma passagem de primeira classe.

Juntei-me ao cartunista Carlos Brito, português que vive em Paris e trabalha para o Canard Enchainé, Charlie Hebdo e le Monde, o iraniano Massoud Shojai, cartunista e diretor da Iran House of Cartoon em Teerã, o prefeito da cidade francesa de Saint Just le Martel (onde acontece o famoso concurso de humor da vaca) o simpático monsieur Gerard Van Denbroucke, a argentina cartunista e presidente da FECO (Federação de cartunistas da Europa) Marklene Pohle e o nosso paulistano Gualberto.

Nenhuma surpresa nem entusiasmo com os trabalhos, excetuando o setor caricaturas que nos últimos 15 anos tem sempre demonstrado excelência, principalmente por um time de brasileiros da maior qualidade (Paffaro, Batistão, Branco, Dálcio, Rossi).
Uma dificuldade para o júri que vem de fora é sempre com a categoria charge, começando que a gente tem que gastar nosso pouco inglês para explicar que o Brasil é o único país que conserva esse francesismo para denominar desenho de atualidade. Depois tentar dizer minimamente quem é o senhor do bigodão que aparece roubando em todos os desenhos ou o significado da revisitadíssima pizza.
O problema se repete com o setor caricatura já que grande parte são figuras da política e da televisão tupiniquim.

No fim acho que criamos uma saia justa para a volta do cartunista iraniano, o desenho que ganhou a melhor charge e acumulou também o Grand Prix (4 mil de um e mais 5 mil do outro!!!) foi de uma piada onde o Ahmadinejad aparece censurando o grito do quadro de Edvard Munch.
Se amanhã der no noticiário "cartunista iraniano teve as mãos decepadas pra não se meter a engraçadinho" vamos ficar com muito remorso!

Durante a abertura solene o prefeito de Piracicaba Barjas Negri, aquele que foi ministro do FHC, assinou um acordo de cooperação com o prefeito de Saint Just.
No meio dos premiados um portoalegrense que depois descobri que é argentino, Gonzalo Rodriguez que trabalha para a Zero Hora (mas é gente boa!). Conseguiu uma caricatura do tipo compre uma e leve duas, um Raul Castro fundido com Fidel.

Uma figura interessante estava presente, o professor especialista em quadrinhos Àlvaro de Moya. Num dos vai-e-volta da van me contou de sua entrevista com Stanley Kubrick na época que foi correspondente em Hollywwod nos anos 50. Kubrick falava com ele e interrompia para ir à outra sala onde elaborava o roteiro de "A face oculta" com um Marlon Brando do qual ele escutava a fanhosa voz mas não conseguia ver. Contou ainda de seu encontro com Arthur Miller que não permitiu fotos da sua deusa Marilyn.
De resto boas mesadas com os piracicabófilos de sempre: meus bons amigos Alcy, Paulo Caruso, Dálcio, Orlando, Gualberto, o paraibano Fred, todos bons de lápis e melhores de copo.

Santiago