quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

tributo MORRE O VERDADEIRO TAURINO

Santiago relembra sua maior inspiração,
em mais um caso de arte que imita a vida



Santiago proseia ao vivo com o próprio Taurino.

"Morreu neste fim de semana na cidade de Santiago, aos 94 anos, o gaúcho Taurino Gomes Machado, do qual tirei o nome para o meu personagem Macanudo Taurino. Era um pequeno criador de gado e grande criador de causos. Mas causos engraçados, contados na primeira pessoa e com situações de um exagero muito criativo na melhor tradição Munchhausen. Era famoso e muito estimado na região do novíssimo município de Itacurubi pelos seu bom humor e pela boa prosa. Em Santiago, onde veio morar na velhice, deu entrevistas na rádio e foi convidado até para palestrar em colégios. Foi grande amigo do meu pai, o seu Augusto, e quase chegou aos 100, o que prova que bom humor só faz bem pra saúde. Além do gosto comum por causos campeiros, tínhamos um gosto por Olgas: como eu, o seu Taurino também era casado com uma Olga.



Na última vez que o visitei me ensinou, o que havia aprendido no quartel: como saber a distância de um avião teco-teco comparando com o tamanho do dedo. Na década de 90 já havia partido outro dos meus inspiradores, o seu Polsério, mulato velho peão de estância e que havia peleado na revoluçao de 30. Também famoso pelos causos que verdadeiramente protagonizou. Mas a melhor homenagem é repetir um dos causos do Taurino: uma vez ele perdeu no campo um relógio de bolso, daqueles de dar corda. Anos mais tarde encontrou o relógio funcionando e com a hora certa. Pois o relógio tinha caido na boca da toca de uma cobra que cada vez que saia de casa se arrastava por cima da rodinha e dava corda na máquina." (Santiago)

Foto: Rafael Côrrea

2 comentários:

Anônimo disse...

Santiago, agora que já sabemos, o teu Taurino tornou imortal o gaúcho Taurino G. Machado. Que bela e emocionante homenagem a estes campeiros, que aos poucos estão desaparecendo.

Uberti

Anônimo disse...

Amigo santiago...
E se foi mais um livro...
É grande a perda cultural essa gente boa de papo nos deixando.
Livros ambulantes que ficam guardados até que alguém os convide pra falar.
Cada vez mais raros...Daqui uns anos veremos que os velhos não contarão mais causos, e sim relembrarão edições do BigBrother...
Vá em paz Sr. Taurino

Luciano Canteiro