quadrinhos GUAZZELLI
Renato Canini – Um Escorço Biográfico,
é tese de mestrado feita por um discípulo
Conheci o Canini nos meus improváveis 19 anos (ocasião de reuniões de desenhistas, na era pré-Grafar). Como dizem os argentinos, en aquel entonces eu vivia o apogeu da minha inconsequência juvenil. E o Canini, no seu raro perfil de desenhista ajuizado, manifestou algumas vezes preocupação com meus caminhos. Não é que o mundo dá voltas? Cansei de desatinar por aí e quando decidi retomar a vida acadêmica foi justamente o Canini que escolhi para dissertar. Acontece que o tempo ensina e percebi que o principal objetivo da minha atuação como pesquisador seria trazer mais luz para nossos grandes autores. Participo das reuniões de um Núcleo de Pesquisas em Quadrinhos da USP, coordenado pelo meu orientador, o prof. dr. Waldomiro Vergueiro. E foi lá que relembrei das peripécias da CETPA, a dita Cooperativa de Desenhos de Porto Alegre, percebendo também como o conhecimento sobre quadrinhos no Brasil, além de incipiente, enfrenta grandes barreiras regionais (talvez pelo imenso tamanho do país). Mas hoje isso não se justifica mais e essa foi uma outra importante motivação, acredito que está na hora de aproveitarmos as novas tecnologias para ampliar o conhecimento sobre nossa história. E vendo as tiras do Zé Candango ficou claro que o Canini já na sua estréia como quadrinista anunciava toda sua genialidade ao aliar síntese gráfica com uma narrativa superdinâmica. E mais, olhando com cuidado, dava pra ver ali as sementes do seu Zé Carioca antológico. Daí em diante foi uma sucessão de sustos (dos bons!). Eu descobri que Canini, além de “nacionalizar” o papagaio (afinal tinha sua origem numa ação de relações públicas dos ianques), tinha ido mais além, ao cometer a suprema ousadia de assinar em plena linha de montagem Disney - sabão Canini, arroz Canini. Depois de três anos de muito trabalho, além de confirmar a óbvia genialidade desse artista, descobri algo mais: o titulo acadêmico é meu, mas o mestre sem dúvida alguma é esse senhor que sob o manto de uma vida tranquila e atitudes serenas foi um lutador radical pelos direitos de autor, inaugurando (para mim) uma figura notável: o rebelde tranquilo. (Guazzelli)
Um comentário:
Em tese, uma grande homenagem. E na prática, maior ainda.
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