evento MUNDO CANINI
Canini é o homenageado do 6º FIQBH,
Festival Internacional de Quadrinhos
Aos 73 anos, as flores em vida: é a maior homenagem ao Canini. Ele e sua Lourdes estarão lá, com o melhor cicerone possível, o Lancast (o Rodrigo Rosa se adiantou para a montagem da retrospectiva). Duplo prazer: do artista, enfim reconhecido nacionalmente; do público, que conhecerá sua trajetória duma só vez. Tá tudo lá, otimamente apresentado: 11 paineis temáticos que ressaltam a maestria do homenageado. A Linha do Tempo – mais de 50 anos de criatividade e produtividade – daria pra dividir entre 3 ou 4 artistas e todos teriam que dar um duro danado para preenchê-la. Além dessas imagens, há vitrines com publicações por onde ele espalhou sua arte memorável. Uma reúne parte dos 50 livros infanto-juvenis em parceria com Mary Weiss; outra junta seu mais recente livro solo, Um Quadrado Pode Ser Redondo e um dos mais antigos, onde ilustra Erico Verissimo. Outra exibe seus livros de humor, Cadê a Graça que Tava Aqui e Dr. Fraud (ambos esgotados, pedindo reedição). Ao lado, coletâneas que participou: QI 14, Tubarão II, Antologia Brasileira, ...E o Bento Levou, Separatismo: Corta Essa e Humor Verde. Outras vitrines mostram as revistas que fizeram o Brasil rir à custa do traço dele: Crás, Pancada, Patota, mais o destaque na ilustre carreira, a revista Recreio. E não custa lembrar homenagens anteriores: Prêmio Ângelo Agostini e o título de Mestre, em 2000; Troféu HQMIX com o título de Grande Mestre, em 2002; título de Cidadão Pelotense pela Câmara de Vereadores de Pelotas, em 2005; escolhido por voto popular como um dos Mestres Disney, e publicado na edição #5 da série dedicada aos grandes desenhistas internacionais, pela Abril, em 2005; Patrono da Feira do Livro Praia do Cassino, em Rio Grande, RS, em 2008. E foi alvo da tese de mestrado em HQ do admirável Guazzelli (o blog irá publicar em série, aguardem). Sábado, Canini ganhou perfil de página inteira no jornal O Globo. Quer dizer, o mais produtivo colaborador do Tinta China – 5 seções semanais! – fez por merecer. E da parte da Grafar, a homenagem não é pequena: são 72 corações que pulsam mais forte com a sua influência. Clap, clap, clap!
MUNDO CANINI
Se este fosse um mundo perfeito o Canini teria um museu, ali, bem ao lado dos museus dedicados ao J. Carlos e o Luís Sá que também não existem o que mostra o quanto estamos longe de viver num mundo perfeito. Assim como os dois outros que não tem um museu, Canini criou uma imagem de Brasil que está em nossa imaginação e que nos permite, por comparação, perceber o quanto esse mundo não é perfeito. O Canini tem sido lido por crianças de todas as idades e tem nos acompanhado quando vamos avançando na idade. É daqueles artistas que conseguiram contaminar a realidade que retratam com seu próprio trabalho, suas soluções gráficas, por sintéticas e claras, acabam por nos ajudar a olhar as coisas e passam a ser uma das maneiras com que enxergamos o mundo. E várias gerações, sejam desenhistas ou não, tem aprendido a ver com o Canini. O que acontece com esse tipo de artista é que eles se misturam com a paisagem, terminamos por esquecer quem foi que criou essa maneira de ver, parece que é nossa, é a verdadeira obra prêt-à-porter. Não se trata aqui de um retrato fiel do mundo, é um retrato interferido, que fique bem claro. Tem tanto de realidade quanto de sonho, idealismo e uma vontade gentil de transformar. Tem tanto de ideal e real a favela do Zé Carioca quanto o pampa que ele retrata semanalmente no blog Tinta China. Nas duas paisagens se misturam nostalgia e dignidade, a simplicidade do casebre e a certeza da figueira. Características que são do mundo que Canini vê e do próprio Canini que não negou ao mundo o que ele pode ter de bom. Isso e seu desenho cristalino são motivos suficientes para nos sentirmos sortudos por ser o Canini um dos mestres que nos criou. E nos obriga a reconhecer que sem o Canini o Brasil seria outro. (Fabio Zimbres)
"Canini é uma das três ou quatro fontes originais do desenho contemporâneo no Brasil. Nela têm bebido seu trago de nanquim inúmeros cartunistas das gerações seguintes. Canini cria e procria". (Edgar Vasques)
“A parcela mais admirável da minha admiração pelo Canini é a seguinte: depois dele, parei de achar que os cartunistas europeus eram superiores no humor. Isso desde os fins dos anos 50, até hoje. Isso sem falar no admirador que sou do ser humano que ele é.“ (Fraga)
”No início dos anos 70, houve dois tipos de infância: infância com Recreio e infância sem Recreio. Cada página era uma explosão de cor e riso, um maravilhamento que toda criança devia ter. E no fim de cada narrativa, ali, bem no cantinho, em letra de forma: desenho de Renato Canini. Eu ria e continuo rindo, sempre a seguir a linha do Mestre!” (Lancast)
“O Canini deve ser a pessoa mais pura que eu conheço. Pura no sentido de afável e sem maldade, não de ingenuidade. Seus cartuns são simples mas são mais sutis do que ingênuos. Meu favorito: uma jovem pastora cuidando de um rebanho de ovelhas. Todas as ovelhas são brancas, menos uma, que é negra. E é a que está espiando por baixo da saia da pastora. Grande Canini.” (Luis Fernando Veríssimo)
“Muitos artistas, passados longos anos de carreira, cansam: acomodam-se em suas fórmulas. O Canini, não! No auge de seus 73 anos, segue experimentando, desenhando com a liberdade e a audácia de menino. E o faz assim, sem esforço, despretensiosamente superando a própria maestria. Ele é a prova viva do mais belo estágio que um artista pode chegar.” (Rodrigo Rosa)
”Eu tinha uns 10 anos quando vi uma caricatura do Pelé na revista Cacique e fiquei encantado com a simplicidade daquela linha que corria com grande espontaneidade do contorno do rosto para o nariz e daí para a boca e depois se retorcia infinitamente formando o crespo do cabelo. Nem sei se o Pelé merecia aquele autêntico Canini!” (Santiago)
Serviço:
O que: 6º Festival Internacional de Quadrinhos
Onde: Palácio das Artes e Parque
Municipal Belo Horizonte
Quando: de 6 a 12/10
Programação: clique aqui
Curadoria do Mundo Canini:
Fraga, Lancast e Rodrigo Rosa (pesquisa, seleção, edição e arte)
Assistente: Marcel Trindade (digitalização e tratamento de imagens)
10 comentários:
Mega, hiper, super, duper postagem. Maravilha. Parabéns, cambada.
Muito bacana essa homenagem! O Canini merece todo o nosso carinho.
O roller da Grafar sobre o autor e
sua obra, mais prazeroso que já desfilou pelos meus olhos! Parabéns aos curadores e aos editores do Blog.
Bela homenagem ao mestre Canini.
Grande! Grande Canini!
Mais que merecida todas as homenagens.
Justa e bela homenagem, a este mestre de muitos de nós. O Canini que depois de tempos de sumiço e reclusão voltou ao nosso convívio e resolveu participar de muita coisa. Até de encontros no Tutti, Cartucho e Feiras do Livro. É emocionante ver sua obra assim reunida. Parabéns aos organizadores.
CADO
Fraga, Lanca e Rodrigo, com essa belíssima homenagem (tanto no conceito qto na estética) vocês finalmente deram forma ao q tantos de nós sentimos em relação ao mestre. É como se alguém pagasse uma dívida q você sente q é sua. Muito obrigado.
Mas... já q o nosso compromisso final sempre é c/ o espectador, um
mínimo reparo: no painel das caricaturas, a figura de óculos escuros não é o compositor Cartola,
mas o nosso Xico Stockinger.
Edgar
Que bela homenagem ao Canini,esse mestre que risca o céu com o mesmo traço que risca a terra, quanto mais nos aproximamos, mais o Canini é o horizonte!
Edgar Vasques e demais leitores: a caricatura É mesmo do Xico Stockinger; se a cara deixa alguma dúvida o corpo confirma. Efeito, decerto, da nossa cega admiração. E só vai dar pra consertar quando a expo for mostrada em Porto Alegre, como já planejada, no ano que vem. São os oços do ofíssio. Gracias pelo crivo, EV.
Ah! ufa... o último comentário me alivia, isso tudo ainda vem pra cá. Grande trabalho, parabéns!
Homenagem maravilhosa pra um artista fabuloso, que, não por acaso, também é uma pessoa com livre trânsito no coração dos grafarianos. Lembro que publiquei meu primeiro desenho aos cinco anos, numa revista infantil chamada Bem-te-vi. Eu adorava o trabalho do seu ilustrador - que era justamente o Canini. Quem bom que tu existes, maninho!
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