sábado, 8 de agosto de 2009

bate-pronto UBERTI

O boa praça que também
é capaz de panelaços




O Uberti tem muita coisa a ensinar, e é um dos dinossauros mais didáticos e prestativos que um iniciante pode encontrar. Receptivo, generoso, bem-humorado, é capaz de compartilhar tudo o que sabe - desde que encontre o arquivo, seja na casa atopetada de relíquias iconográficas, seja na memória atulhada de fatos da pré-história publicitária. Pelo que acumula de referências, é um típico conservador. Seu treino visual abarca desde a infância rural no Alegrete até a distância social em Porto Alegre; já seu currículo profissional vai da época dourada da propaganda aos anos de chumbo do humor. Versátil como só ele - diretor de arte, layoutman, cartunista, ilustrador, quadrinista, chargista, ufa! - domina técnicas que já estão fora de moda mas nunca fora da admiração de quem sabe o que é valioso na arte. Vive de frilas, donde os calafrios.
Elegante do traço às troças, o Uberti cultua mestres, cultiva amizades e detesta aculturação. Na opinião do Tinta China, um cara cult. Daqueles que não conseguem se aposentar porque seus talentos não permitem.

Tinta China – Como artista gráfico, qual a sua atividade principal?
Uberti – Sempre fui publicitário. Hoje estou atuando mais na área da ilustração. Coisas do mercado. Com isso, agora, tenho mais tempo para o cartum e as tiras.

Tinta China – Como você negocia os valores de seus frilas?
Uberti – Cada caso é um caso. O custo de um trabalho para pessoa física vai ser diferenciado da pessoa jurídica. Mas sempre negociado. Chorado.

Tinta China – Como é um dia típico de trabalho para você?
Uberti – É um dia que acordo com a energia alimentada pelo combustível da tarefa.

Tinta China – Por onde você começa uma tarefa?
Uberti – Pelo começo, claro. Mas já antevendo como concluí-la usando o meu processo de criação

Tinta China – Quais ferramentas você utiliza e qual domina mais?
Uberti – Hoje domino o computador. Mas o uso apenas como mais um instrumento.
Continuo desenhando à mão, com os materiais conhecidos. Depois digitalizo a imagem e pinto no computador.

Tinta China – Que condições você exige ou depende para criar?
Uberti – A liberdade total pra criar, infelizmente não existe. Seria o ideal. O cliente sempre mete a colher. Afinal é ele quem paga. Como publicitário já me habituei.

Tinta China – Como você lida com os prazos?
Uberti – Negocio o mais espichado possível. Mas se houver pressão, na publicidade também aprendi a lidar com isso.

Tinta China – Como você mantém os originais que produz?
Uberti – Guardo-os em envelopes organizados. Hoje com a digitalização, a imagem final fica arquivada no computador. Posteriormente em CD.

Tinta China – Quais suas primeiras e atuais influências?
Uberti – Admiro autores como Sempé , Hugo Pratt, Mottini , Uggeri, Toppi, Carl Barks, Lino Palácio, Dik Browne, Toulouse Lautrec, Edward Hopper entre tantos outros.

Tinta China – Onde você busca informações para apoiar suas criações?
Uberti – Viva o Google! Como nos facilitou a busca por referências!

Tinta China – Você tem preferência por algum tipo de papel?
Uberti – Quando desenhava (e pintava) só na mão grande, papéis apropriados, bons, com textura, encorpados. Hoje com a digitalização... o velho e bom sulfite 90 gramas tamanho A4. A não ser, claro, se a encomenda for um original.

Tinta China – Quais macetes técnicos funcionam no seu trabalho?
Uberti – Antes, a tinta em cabo de pincel, tecidos, dedo, borrifos, etc. ou algum inventado na hora. Hoje ainda uso esses recursos acrescido do computador, que tem os seu macetes gráfico-computadorizados.

Tinta China – Qual o seu maior conflito com o mercado?
Uberti – O valor do trabalho.

Tinta China – Que dicas básicas você daria para um iniciante?
Uberti – Dê a partida, esquente o motor. Taxie e decole. Faça um vôo a grande altura sobre a idéia. Depois escolha por onde começar e dê um mergulho sobre o detalhe.

Foto: Olga Pacheco

17 comentários:

Leandro Bierhals disse...

Santiago!!!

Fraga disse...

O véio menos véio que conheço. Sem ele, não haveria graça na praça nem no fogão.

Anônimo disse...

Estava sentindo falta das entrevistas,show de bola mesmo!
Alisson

Anônimo disse...

O Uberti
merecia essa já faz tempo.
E salve o Alegrete!!
juska

Anônimo disse...

Salve, mestre Uberti! pertenço a tua escola.

Anônimo disse...

É issaí, Uberti!
Mostra pra eles como é que se faz!
Moa

Ruben Castillo disse...

AGUANTE UBERTI!!!
Ruben

Anônimo disse...

Juska, a bem da verdade devo esclarecer que eu já havia sido convidado, algum tempo atrás, a participar do Bate-pronto. A minha timidez é que procastinava a entrevista. Abração Uberti

Anônimo disse...

Uberti é o Francis Ford Coppola do Cartum .. e o retrato desta matéria comprova!
louzada

Anônimo disse...

Uberti é o Francis Ford Coppola do Cartum .. e o retrato desta matéria comprova!
louzada

Anônimo disse...

Uberti é o Francis Ford Coppola do Cartum .. e o retrato desta matéria comprova!
louzada

Anônimo disse...

Uberti é o Francis Ford Coppola do Cartum .. e o retrato desta matéria comprova!
louzada

Anônimo disse...

Arranhou o disco, Louzada.
Melhor comprar uma agulha nova pra vitrolinha...
Moa

Eduardo Simch disse...

Viva o mestre Uberti!!

Rafael Corrêa disse...

Figuraça. Sou fã.

Anônimo disse...

Uberti
troco um boné xadrez por esse sombrero de aba larga!!!
santiago

Tati disse...

Sou fã número um, ele sabe disso! Ave panelas!